quarta-feira, 30 julho, 2025
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SindusCon-SP aponta aumento da dificuldade de crédito para construção em São Paulo

A Reunião de Conjuntura do SindusCon-SP destacou a crescente dificuldade de acesso ao crédito para construtoras e incorporadoras, agravada pelos juros altos. O cenário impacta diretamente o mercado da construção em São Paulo e cidades da região, como Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia e Paulínia.

A Reunião de Conjuntura do SindusCon-SP, conduzida por Eduardo Zaidan, vice-presidente da entidade, evidenciou o aumento expressivo da dificuldade de acesso ao crédito imobiliário para construtoras e, especialmente, para incorporadoras. Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre, apresentou dados que mostram esse cenário desafiador, com destaque para o mercado aquecido pela faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida e o apetite pelo crédito do FGTS.

No entanto, o crédito proveniente do SBPE, que utiliza recursos da Poupança, vem declinando, com o financiamento à produção caindo significativamente e os recursos sendo direcionados para a aquisição. Segundo Ana Castelo, o problema não está no volume total de funding, que corresponde a 10% do PIB, mas sim no custo elevado devido aos juros altos. O home equity tem se destacado como alternativa de crédito, enquanto na infraestrutura a dificuldade permanece semelhante à do ano anterior, com tendência de queda causada pelos juros elevados.

A economista também comentou que algumas construtoras têm emitido Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que devem se tornar mais caros com a nova tributação do Imposto de Renda (IR). O percentual das Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) destinados ao financiamento habitacional é pouco expressivo, pois parte desses recursos permanece retida nos bancos. Essa questão, agravada pela nova taxação do IR, tende a encarecer o crédito para pessoas jurídicas. Além disso, o aumento da tributação nos Certificados de Depósito Bancário (CDBs) pode tornar a Poupança mais atrativa.

Apesar da queda de 0,2% do PIB da construção no primeiro trimestre, o setor acumulava crescimento de 4,5% nos doze meses até março, acima dos 3,5% do PIB nacional. O consumo de cimento cresceu 4,6% nos primeiros cinco meses do ano em comparação ao mesmo período de 2024.

No emprego formal, houve crescimento expressivo em abril, embora o saldo líquido de janeiro a abril de 2025 esteja ligeiramente abaixo do mesmo período do ano anterior, com redução em edificações e serviços e aumento na infraestrutura.

No país, o número de empregados na construção nos primeiros quatro meses de 2025 está 3,4% acima do mesmo período de 2024, com destaque para serviços especializados. Em São Paulo, o saldo líquido de emprego no setor no primeiro quadrimestre é superior ao dos últimos três anos, puxado por serviços e infraestrutura, enquanto o segmento de edificações registra queda. A Sondagem da Construção indica perspectivas de aumento do emprego nos próximos meses.

Os custos do setor continuam em alta, com São Paulo apresentando valores superiores à média das capitais pesquisadas, especialmente devido à mão de obra.

Sobre a persistência dos juros altos, Robson Gonçalves, professor da FGV, afirmou que o atual perfil inflacionário é resistente ao aperto monetário, exigindo do Banco Central um ciclo prolongado de taxas elevadas. Caso o cenário internacional pressione o câmbio e os preços das commodities, a inflação poderá resistir ainda mais, aumentando os impactos nas contas públicas.

“Um Congresso que derruba vetos do presidente da República, que se nega a resolver a questão do petróleo e que demanda, através das emendas, gastos em escala cada vez maior. Nós temos um problema institucional também, se não for constitucional, que não favorece a gestão desse quadro macroeconômico, então realmente, é um quadro complicado, delicado”. afirmou Gonçalves

“Isso vai nos levar aos trancos e barrancos para a eleição do ano que vem. Minha esperança é que algum candidato surja, minimamente votável, que olhe para essa questão e tente desatar esses nós, preferencialmente começando pela questão fiscal, é a mais difícil, mas também a mais urgente”. complementou Gonçalves

Gonçalves ainda avaliou que, se o conflito Israel-Irã se prolongar e o cartel da Opep elevar os preços do petróleo, a inflação poderá ser afetada. Por outro lado, como a oferta de petróleo do Irã não é relevante, os preços podem cair posteriormente.

Eduardo Zaidan alertou para o risco de fechamento do estreito de Ormuz, rota estratégica para petroleiros, e destacou que o Brasil importa do Irã quase 20% da ureia usada na produção de fertilizantes, o que pode pressionar a inflação.

Por fim, Gonçalves concordou com a preocupação de Eduardo Capobianco, representante do SindusCon-SP na Fiesp, sobre a distribuição de renda via Bolsa Família e benefícios previdenciários, que, apesar de superiores aos investimentos em produção e infraestrutura, acabam gerando mais inflação e prejudicando o crescimento econômico no médio prazo.

A situação descrita impacta diretamente o setor da construção civil nas cidades da Região Metropolitana de Campinas, incluindo Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia e Paulínia, onde o acesso ao crédito e a manutenção do emprego são essenciais para o desenvolvimento econômico local.

Fonte: Roncon & Graça Comunicações

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