O presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Rafael Cervone, traz à tona um tema crucial para a competitividade da indústria nacional: o ‘Custo Brasil’. De acordo com um estudo do Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Fiesp, que analisou o impacto do custo sobre as indústrias entre 2008 e 2022, o ‘Custo Brasil’ médio atinge expressivos 24,1%. Este percentual demonstra as desvantagens enfrentadas por empresas brasileiras em comparação com indústrias de 15 países, incluindo Alemanha, Estados Unidos e China.
O estudo identificou seis fatores que elevam o ‘Custo Brasil’: alta tributação, juros elevados, preços elevados de energia e matérias-primas, deficiência de logística, precariedade nos serviços públicos e altos custos com serviços terceirizados. Esses elementos, em conjunto, criam um círculo vicioso que encarece ainda mais a produção nacional, impactando diretamente o preço final dos produtos.
Diante desse cenário, a reforma tributária proposta no Congresso Nacional surge como uma necessidade urgente. Cem por cento do peso do ‘Custo Brasil’ é gerado por somente duas variáveis: 51% pela tributação e 23% pelos juros, atingindo 74% do total. As expectativas são de que a reforma contribua para a redução de encargos, melhorando assim a competitividade das empresas brasileiras.
Exemplos Práticos da Reforma Tributária:
A reforma tributária prevista pode trazer impactos significativos para a indústria nacional. A unificação e simplificação de impostos podem reduzir a burocracia e os custos administrativos. Por exemplo, a possibilidade de um Imposto Sobre Valor Agregado (IVA) com taxas unificadas pode proporcionar maior clareza e eficiência.\
Além disso, a redução das alíquotas de impostos sobre produtos essenciais poderia diminuir os custos, incentivando as indústrias a investirem mais em tecnologias e inovações, contribuindo para a competitividade no mercado global.
Perspectivas de Especialistas:
Diversos especialistas e líderes do setor, como o economista e professor da FGV, José Roberto Mendonça de Barros, reforçaram que a reforma tributária é primordial não apenas para aumentar a competitividade, mas também para promover um ambiente mais justo para todos os cidadãos. “A história nos mostra que países com sistemas tributários justos tendem a apresentar crescimento econômico mais sustentado”, afirma.
Líderes empresariais também demonstraram apoio. Maria Luiza Gava, diretora de uma indústrias química, declarou que “uma reforma estruturante na tributação, somada à redução de juros, pode significar um renascimento para muitos setores da indústria”.
Conclusão:
A transformação do ‘Custo Brasil’ em ‘Justo Brasil’ não é somente um desejo, mas uma urgência. A aprovação da reforma tributária e políticas financeiras mais coesas são fundamentais para proporcionar um ambiente de negócios que fomente o desenvolvimento, o bem-estar e a inclusão social em nosso país.
Rafael Cervone é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).