O FGV Ibre revisou para baixo a previsão de crescimento da construção em 2025, de 3% para cerca de 2,2%, informou Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da instituição, na Reunião de Conjuntura do SindusCon‑SP em agosto. A estimativa anterior vinha da média entre o desempenho das empresas (3,5%) e das atividades informais (2,5%); a nova projeção aponta 2,5% para as empresas e 1,5% para os segmentos informais.
A apresentação foi conduzida por Eduardo Zaidan, vice‑presidente de Economia do SindusCon‑SP, e contou com a participação do presidente da entidade, Yorki Estefan. Ana Castelo destacou que indústria e comércio de materiais de construção registraram ligeira desaceleração nos últimos meses, embora ambos tenham apresentado crescimento no primeiro semestre frente ao mesmo período de 2024. O consumo de cimento também cresceu na comparação anual.
Sobre emprego, o nível no setor subiu no primeiro semestre, porém em ritmo menor que em anos anteriores. Observou‑se desaceleração nas edificações e serviços, com elevação nas obras de infraestrutura; o estado de São Paulo e a capital seguem essa tendência. O ajuste sazonal registrou ligeira recuperação do emprego no último trimestre, e a Sondagem da Construção de julho indica perspectiva de continuidade nas contratações, apesar da persistente escassez de mão de obra.
Os custos da construção seguem em alta: o INCC‑DI acumulou 10,26% em 12 meses até julho, puxado pela mão de obra. Na cidade de São Paulo a variação foi 8,50%, já incluindo reajustes das convenções coletivas. Na capital paulista, os lançamentos aumentaram 50% no primeiro semestre, com predominância do segmento econômico e crescimento expressivo das vendas, o que, diante da escassez de mão de obra, eleva o desafio de aumentar produtividade.
A sondagem aponta ainda que o acesso ao crédito é a maior dificuldade do setor. O financiamento pela produção de unidades pelo SBPE caiu 61%. Embora os fundings somem mais de R$ 1 trilhão em junho, o problema identificado é o custo do crédito, com empresas recorrendo a captações mais caras.
“A ‘tarifação’ dos EUA introduz incerteza geopolítica, mais aguda em estados exportadores de manufatura. O país tem melhorado a pauta de exportação em serviços e bens semimanufaturados, ainda que de forma desigual entre estados. Também há preocupação com o equilíbrio fiscal e juros elevados, que penalizam famílias e empresas, além de perda de produtividade no emprego gerado.”
Robson Gonçalves afirmou que o aumento do IOF apenas adiou a necessidade de ajuste fiscal, considerou positiva a queda do dólar e disse que esse cenário, junto ao desempenho da agropecuária e à “tarifação”, tende a arrefecer a inflação global de commodities. Segundo ele, esses fatores favorecem a convergência da inflação à meta e podem permitir redução da Selic para 12,5% no próximo ano.
Fonte: Roncon & Graça Comunicações