Para o psicanalista Carlos Alberto Diniz, master coach e terapeuta de casais há mais de seis anos, as relações atuais tendem a ser mais rápidas, superficiais e descartáveis, o que leva muitos a questionarem se ainda vale lutar pela família. Diniz propõe estratégias práticas para quem busca fortalecer a vida a dois, recuperar vínculos e melhorar a convivência familiar.
Por que o tema importa
Segundo Diniz, o cérebro humano precisa de reforço positivo para manter conexões emocionais saudáveis; sem esses estímulos, o casamento pode se transformar em um espaço dominado por frustração, carência e imediatismo.
Para ele, a família é um projeto coletivo que exige compromisso, disciplina emocional, diálogo e compreensão mútua, e só assim cria-se resistência às pressões externas.
Como fortalecer a relação
O autor divide oito estratégias em ações práticas e exercícios mentais. Entre as ações para estreitar a convivência, ele recomenda:
- Tempo de qualidade: reservar momentos presenciais pelo menos duas vezes por semana — um jantar em casa, uma caminhada ou um café — sem distrações e com contato visual.
- Agradecimentos diários: reconhecer o esforço do outro com agradecimentos sinceros para fortalecer autoestima e sentimento de pertencimento.
- Rituais positivos: cultivar hábitos simbólicos do casal, como orar juntos, trocar mensagens afetivas ou abraçar demoradamente ao chegar em casa, para criar memória afetiva.
- Perdão prático: discutir com respeito, expor sentimentos, buscar acordos e encerrar o assunto para evitar o acúmulo de mágoas.
- Metas compartilhadas: montar um painel com objetivos de curto, médio e longo prazo — reformas, viagens, projetos ou hábitos de saúde — para unir o casal como time.
Exercícios para a mente
Para treinar a mente a favor da relação, Diniz sugere práticas simples e repetitivas que mudam padrões emocionais.
- Gratidão ativa: listar ao acordar ou antes de dormir três aspectos que se valoriza no parceiro, reforçando o foco no positivo.
- Desafiar pensamentos: questionar automáticas negativas — por exemplo, a frase
ele nunca me ajuda
— e reformular para avaliações mais realistas. - Consumo construtivo: alimentar-se de livros, palestras, podcasts ou cursos sobre relacionamentos, comunicação não violenta e inteligência emocional para internalizar modelos saudáveis.
Construindo vínculo duradouro
Diniz alerta contra o apego a uma imagem idealizada do parceiro: ficar preso ao que o cônjuge foi no namoro transforma a relação em fantasia; é preciso aceitar mudanças e construir um novo capítulo baseado no presente.
O ponto central é que sustentar a vida a dois exige treinamento mental e emocional — desistir rápido pode parecer solução a curto prazo, mas o cultivo de gestos, rituais e disciplina emocional ajuda a consolidar vínculos duradouros.
Fonte: Carlos Alberto Diniz