A campanha Setembro Amarelo, promovida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), busca ampliar a informação sobre saúde mental e a prevenção do suicídio, estimulando a atitude de falar e ouvir pessoas em sofrimento.
Sinais de risco
Embora não seja possível prever com certeza um desfecho fatal, existem sinais que podem indicar pedido de ajuda e exigem atenção. Falar excessivamente sobre a própria morte, demonstrar desesperança, usar expressões de desejo de desaparecer ou reduzir interações sociais são exemplos importantes.
Outros comportamentos de alerta incluem grandes mudanças de humor, atitudes arriscadas e despedidas como se não fosse ver amigos e familiares novamente. Estatísticas mostram que cerca de 11 mil brasileiros tiram a própria vida por ano e que, no mundo, a OMS estima 800 mil suicídios anuais; cada morte tende a afetar intimamente cerca de 60 pessoas. Cerca de 17% dos brasileiros já pensaram em suicídio, e o risco aumenta quando há planos ou meios disponíveis.
Contexto da pandemia
A pandemia e o isolamento social ampliaram fatores de risco para boa parte dos pacientes, segundo pesquisa da ABP. Medo da doença, incerteza econômica, solidão e dificuldade de buscar tratamento contribuem para o agravamento de quadros psiquiátricos.
Embora ainda faltem dados precisos sobre o impacto nos números de suicídio, 89,2% dos especialistas entrevistados relataram piora nos quadros de seus pacientes devido aos efeitos do novo coronavírus na sociedade.
Escuta ativa
Muitos sinais podem ser percebidos mesmo à distância, por mudanças no comportamento online ou na frequência de contatos. Convide a pessoa, em ambiente privado e tranquilo, para uma conversa aberta, respeitosa e empática.
Faça perguntas abertas, resuma o que ela disse para demonstrar atenção e, se necessário, retorne a pontos pouco claros com cuidado e sem julgamentos. Não tenha receio de perguntar sobre desejo de morrer — isso não induz ao ato e pode facilitar a busca por ajuda.
- Pergunte diretamente como a pessoa está e como tem se sentido;
- Manifeste preocupação e disponibilidade para ouvir;
- Evite soluções simplistas, julgamentos ou minimizar o problema;
- Ofereça apoio prático, como acompanhar marcação de consulta ou manter contato regular.
Acompanhamento profissional
O pensamento suicida costuma envolver distorções na percepção da realidade e, aliado à impulsividade, aumenta o risco de desfecho trágico. O acompanhamento psiquiátrico e psicológico oferece outras perspectivas e ferramentas para enfrentar as adversidades.
Se houver risco imediato, a orientação é não deixar a pessoa sozinha e procurar profissionais de saúde, serviços de emergência ou contatos de confiança indicados pela própria pessoa. Se a pessoa mora com você, reduza o acesso a meios letais enquanto ela recebe apoio.
Serviço
- Atendimento 24 horas: Centro de Valorização da Vida — www.cvv.org.br
Falar e escutar com atenção, identificar sinais de risco, evitar julgamentos e buscar acompanhamento profissional são medidas centrais na prevenção do suicídio, especialmente em tempos de pandemia, quando fatores socioambientais podem agravar o sofrimento psíquico.
Fonte: Unimed