Um estudo internacional realizado com mulheres diagnosticadas com câncer de mama do subtipo triplo negativo, que representa cerca de 20% dos casos, mostrou uma redução de 34% no risco de morte entre as pacientes tratadas com imunoterapia, combinada ao protocolo tradicional que inclui quimioterapia, cirurgia e acompanhamento pós-cirúrgico. Essa pesquisa foi destacada durante a ESMO 2024 – Congresso Europeu de Oncologia, promovido pela Sociedade Europeia de Oncologia Médica, realizado entre 13 e 17 de setembro em Barcelona, Espanha.
O estudo envolveu mais de mil mulheres de diferentes países e analisou dados de pacientes ao longo de seis anos, um período que demonstra a consistência dos resultados. É importante ressaltar que o câncer de mama triplo negativo é um tipo agressivo, com estatísticas indicando que 90% das recidivas ocorrem nos cinco primeiros anos de acompanhamento após a terapia. As mulheres incluídas na pesquisa apresentavam diagnóstico precoce e características de alto risco, e a redução da mortalidade em 34% neste grupo evidencia a necessidade de acesso a novas modalidades de tratamento.
O subtipo triplo negativo é denominado assim por não apresentar três marcadores essenciais nas células tumorais: o receptor de estrógeno, o receptor de progesterona e o oncogene HER-2. Este subtipo é o que possui o pior prognóstico entre os cânceres de mama, apresentando maior risco de metástase e morte.
O exame que determina o subtipo triplo negativo é a imunoistoquímica, que nem sempre está disponível em todos os centros de diagnóstico. Muitas vezes, os laboratórios precisam enviar as amostras para análise em locais especializados, o que pode atrasar os resultados e, consequentemente, o início do tratamento. O Dr. Paulo Pizão relata: “Tive uma paciente que recebeu o resultado apenas 30 dias após a solicitação do exame, uma demora inaceitável, considerando a urgência do tratamento para evitar prejuízos ao desfecho da doença.”
Portanto, o acesso à informação e à coleta de exames é fundamental na luta contra o câncer, assim como a distribuição de tecnologias de diagnóstico e o atendimento por equipes multidisciplinares. O resultado do estudo é extremamente encorajador e reforça a importância das pesquisas. Contudo, é essencial que os governantes demonstrem vontade política para priorizar a saúde, eliminar desperdícios, cortar privilégios e gerenciar adequadamente os recursos, garantindo que as inovações em tratamentos cheguem ao maior número de pessoas possível.
Fonte: Dr. Paulo Pizão