Com a chegada das férias escolares, a neuropsicóloga Beatriz Filliettaz, do Instituto Unicamente, orienta pais a limitar o tempo de tela das crianças e incentivar atividades que promovam a interação social e o desenvolvimento saudável.
A neuropsicóloga Beatriz Filliettaz, fundadora do Instituto Unicamente, especializado em desenvolvimento infantil, alerta para a necessidade de estabelecer limites no uso de celulares, tablets e computadores, incentivando brincadeiras fora das telas para favorecer o desenvolvimento saudável da criança.

“Percebemos que as crianças brincam cada vez menos porque estão imersas no mundo digital, o que pode afetar o desenvolvimento infantil de várias maneiras. A tela tem muita cor, muito estímulo, mas a criança fica totalmente envolvida nessa questão mais visual e auditiva. E como ficam as outras sensações? O tato, o paladar, sentir o vento, a terra, a grama, as diferentes texturas que o ambiente real proporciona? No virtual, não há interação olho no olho, nem troca afetiva. Por isso, é urgente que os pais incentivem os filhos a brincar fora das telas. Apesar dos benefícios trazidos pela tecnologia, é fundamental aprender a usá-la com equilíbrio desde cedo”. Beatriz Filliettaz
Estudos indicam que o contato excessivo com telas, principalmente na primeira infância (zero a seis anos), pode prejudicar o desenvolvimento da fala, da interação social e da aprendizagem. Além disso, há impacto na qualidade do sono e agravamento de transtornos emocionais como depressão e ansiedade.
“O ideal seria que antes dos três anos de idade a criança não tivesse nenhum contato com telas. Esse período é o ápice do desenvolvimento infantil. É quando, por meio da interação com os adultos cuidadores, ela construirá habilidades que servirão de base para a vida toda. As crianças aprendem enquanto exploram o mundo à sua volta, ao mesmo tempo que estabelecem relações seguras e afetivas com adultos e outras crianças”. Beatriz Filliettaz
“É preciso ter consciência e se esforçar para envolver a criança em atividades com outras crianças. O tempo nas telas tem que ser controlado. Sabemos que os pais estão atarefados, trabalham fora, mas a criança precisa de um momento para brincar com a família e amiguinhos para que haja troca afetiva”. Beatriz Filliettaz
Além disso, a neuropsicóloga sugere que os pais transformem tarefas domésticas em momentos lúdicos, como lavar louça junto com a criança, tornando-a parte ativa da dinâmica familiar, o que é mais saudável do que deixá-la distraída diante de telas.
Limites recomendados pela ABP para o uso de telas
A Associação Brasileira de Pediatria (ABP) orienta limites de tempo diante das telas para garantir o desenvolvimento infantil saudável:
- 0 a 2 anos: evitar qualquer exposição a telas, incluindo vídeos e jogos.
- 2 a 5 anos: limitar o tempo a 1 hora por dia, com acompanhamento de um adulto para mediação do conteúdo.
- 6 a 10 anos: máximo de 1 a 2 horas por dia, com supervisão.
- 11 a 18 anos: máximo de 2 a 3 horas diárias, com orientação dos responsáveis.
Também é recomendado evitar telas durante as refeições e pelo menos uma hora antes de dormir, para melhorar a qualidade do sono e a relação com a alimentação. Crianças menores de 12 anos não devem possuir telefones celulares próprios, e o acesso às redes sociais deve ser sempre acompanhado pelos pais, respeitando a classificação indicativa dos conteúdos.
“A pergunta sobre o tempo de uso da tela entrou na nossa anamnese quando recebemos uma criança para tratamento no Instituto. Queremos saber quanto tempo o mundo digital está tomando da rotina dessa criança porque sabemos que o excesso prejudica o desenvolvimento neurocognitivo, emocional e social”. Beatriz Filliettaz
Dicas para incentivar brincadeiras fora das telas nas férias
- Promova atividades ao ar livre, como piqueniques em parques ou praças, andar de bicicleta e jogar bola.
- Estimule jogos de tabuleiro e cartas, como damas, dominó, quebra-cabeça e jogos de cartas, que desenvolvem habilidades cognitivas e sociais.
- Incentive atividades manuais, como pintura, desenho, modelagem com massinha e confecção de brinquedos com materiais reciclados, para estimular coordenação motora e criatividade.
- Realize sessões de contação de histórias para promover interação familiar, diversão e imaginação.
- Convide a criança a participar da culinária, auxiliando no preparo das refeições com supervisão.
- Estimule momentos sem telas durante refeições, passeios e brincadeiras para fortalecer vínculos e criar memórias afetivas.
- Converse com seu filho para estabelecer limites de tempo diante das telas, respeitando a idade.
Essas orientações são especialmente relevantes para famílias das cidades da Região Metropolitana de Campinas onde o Instituto Unicamente atua, reforçando a importância do equilíbrio entre tecnologia e interação social para o desenvolvimento infantil saudável.
Fonte: Boa Prosa Comunicação