O diagnóstico de Insuficiência Venosa Crônica (IVC) no ex-presidente Donald Trump reacende alerta sobre a subnotificação da doença em homens idosos. Especialistas destacam a importância da prevenção para homens acima de 50 anos.
Embora o quadro clínico tenha sido descrito como leve, o caso reacende o debate sobre a saúde venosa masculina durante o envelhecimento, tema pouco discutido no Brasil. A insuficiência venosa é frequentemente associada ao público feminino, mas é altamente prevalente entre homens, especialmente após os 60 anos.
O médico de família e comunidade Dr. George Mantese, mestre em Epidemiologia e doutorando em Educação e Saúde pela USP, alerta para a subnotificação da doença em homens.
“A insuficiência venosa crônica é frequentemente subdiagnosticada em homens. Muitos ainda acreditam que varizes, edema ou sensação de peso nas pernas são problemas estéticos femininos. Esse preconceito atrasa o diagnóstico e prejudica a qualidade de vida.”
A IVC ocorre devido à dificuldade no retorno do sangue venoso das pernas para o coração, causada pelo mau funcionamento das válvulas venosas. Isso resulta no acúmulo de sangue (estase), aumento da pressão nas veias e sintomas como sensação de peso, dor, inchaço (edema), escurecimento da pele e, em casos graves, úlceras venosas.
Estratégias não medicamentosas, como o uso regular de meias de compressão graduada, podem reduzir o edema em até 60% dos casos, porém são pouco adotadas por homens. Exercícios específicos para panturrilha também melhoram o retorno venoso em até 40%. Além disso, uma alimentação rica em flavonoides, presentes em frutas vermelhas, uva roxa e castanhas, ajuda a reduzir a inflamação vascular.
Um aspecto menos discutido é o papel dos hormônios sexuais. A testosterona, cuja produção diminui naturalmente com a idade, está indiretamente ligada à saúde vascular. Segundo Mantese, a queda da testosterona está associada ao aumento da gordura visceral, resistência à insulina e estado inflamatório, fatores que afetam a função endotelial e o retorno venoso.
“Estudos mostram que níveis baixos de testosterona total e livre em homens mais velhos estão associados à piora da saúde vascular e ao aumento da rigidez arterial. Embora a reposição hormonal deva ser indicada com critério, o rastreamento de hipogonadismo deve fazer parte do cuidado integral com o envelhecimento masculino.”
Entretanto, a decisão pela terapia hormonal deve ser individualizada, avaliando riscos e benefícios.
“Homens com histórico de câncer de próstata, apneia obstrutiva do sono ou trombofilias devem passar por avaliação rigorosa antes de iniciar qualquer reposição hormonal.”
“A prevenção ativa, com controle do peso, avaliação hormonal, alimentação balanceada, uso de meias de compressão e atividade física regular, são aliados fundamentais para manter a saúde vascular ao longo do tempo”, conclui.
O caso de Trump, apesar de leve, serve como alerta para que homens, especialmente a partir dos 50 anos, não ignorem sinais de alteração circulatória. Sintomas como dor nas pernas ao final do dia, inchaços recorrentes e escurecimento da pele não devem ser normalizados. O envelhecimento saudável depende de uma circulação eficiente, e o cuidado preventivo é a melhor ferramenta para garantir qualidade de vida.

Fonte: Comunicação Estratégica Campinas