Moradores de Sumaré denunciam o descaso do poder público com a saúde da cidade. Longas filas de espera nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), além de encaminhamentos perdidos na burocracia interna, tornam a vida de quem depende da saúde pública um verdadeiro caos.
Os sobrenomes e informações sensíveis serão censurados nesta matéria para preservar a identidade das entrevistadas. Claudia, de 42 anos, é moradora da região do Picerno e aguarda há mais de quatro anos por uma cirurgia de extrema necessidade: uma histerectomia. O diagnóstico ocorreu em 2020, quando miomas, sangramentos frequentes e um prolapso uterino tornaram o procedimento imprescindível. Na época, foi feito um encaminhamento para a cirurgia, mas o atraso foi justificado pela pandemia. Contudo, até 2023, Claudia continuou sem resposta.
O encaminhamento foi perdido dentro da burocracia e da ineficiência do sistema de saúde de Sumaré. Em 2023, Claudia precisou fazer um novo encaminhamento e, até o momento, continua sem resposta. “Aí eu fico todo ano, só fazendo exame e exame, para acompanhar a evolução do cisto e esperando, orando a Deus para ser chamada um dia”, comentou Claudia.
Além da histerectomia, Claudia espera há vários anos por um encaminhamento ao dermatologista para verificar uma mancha em sua pele que está crescendo. Ela também aguarda uma cirurgia para tratar vasos sanguíneos rompidos em sua perna, resultado de um tratamento falho anteriormente receitado para os miomas. O procedimento é de extrema importância, especialmente porque Claudia é diabética.
Legenda: Uma espera que não acaba por procedimentos médicos, ausências de monitoramento de dados, e por especialistas, são alguns dos principais problemas desta gestão, resultando em perdas de produtividade
“Muita gente tem reclamado da mesma situação, de encaminhamentos que vão e desaparecem. Quando você vai procurar, eles falam que está no ambulatório, que está na central de regulação. Aí você vai e dizem que não está mais lá, que está no hospital. Aí você liga no hospital e não sabem dar informação, ou nem atendem”, afirma Claudia.
Outro caso é o de Flávia, que pediu para não ter seu sobrenome divulgado por medo de retaliação. Ela aguarda desde fevereiro por um exame de extrema necessidade para sua mãe, Maria. Dona Maria, uma senhora idosa, sofre com o mal de Alzheimer e Parkinson. Seu neurologista pediu uma ressonância magnética do encéfalo, um exame que serve para diagnosticar condições graves, como aneurismas, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e tumores.
O encaminhamento foi levado ao Ambulatório de Especialidades de Sumaré em fevereiro deste ano, e até agora não obtiveram resposta. Sem o exame, o tratamento de Dona Maria fica comprometido, gerando aflição na família, que não sabe o que fazer.
Enquanto a atual administração mudou diversas vezes de Secretário de Saúde, prometeu e voltou a prometer a construção de um Hospital Municipal, inaugurou uma UPA e fechou PAs e UBS. As obras da saúde permanecem paralisadas, e a população sofre com a estrutura de saúde na cidade. Para muitos que aguardam, o tempo pode ser fatal. A realidade de Sumaré é triste e preocupante.