As eleições internas do PT de Sumaré, agendadas para início de julho, colocam o partido em uma encruzilhada ideológica, refletindo o embate nacional entre pragmatismo político e fidelidade histórica dentro da legenda.
Em âmbito nacional, a disputa pela presidência do PT conta com cinco candidatos e revelou um racha inédito na principal corrente petista, a CNB (Construindo um Novo Brasil). Entre os nomes mais influentes da CNB estão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro José Dirceu. A polarização entre Edinho Silva, apoiado por Lula e Dirceu, e Washington Quaquá, representante de uma dissidência próxima da ex-presidente do partido Gleisi Hoffmann, demonstra que o PT, apesar de unido em campanhas eleitorais, enfrenta divisões profundas em seus rumos e decisões.
Essa fragmentação nacional tem reflexos diretos em Sumaré. No município, o atual presidente municipal do PT, Roberto Vensel, é aliado de Willian Souza, ex-vereador e candidato a prefeito que liderou a reestruturação do partido após anos de baixa representatividade. Vensel defende a continuidade desse projeto que recuperou a força local da sigla, porém sua associação com partidos de direita, como o União Brasil — que forneceu o vice na chapa de 2024 — e sua proximidade com o clã Dalben, geram questionamentos entre militantes históricos sobre os limites do pragmatismo político frente à coerência ideológica.
esse momento de disputa interna tem tudo para tornar o partido ainda mais forte, mais conectado com as demandas da população e com a nossa militância. André Oliveira, advogado e militante sindical
Embora não reconheça oficialmente um racha, a existência de duas chapas com apoios distintos evidencia a divisão interna no PT de Sumaré. A falta de respostas de Vensel à imprensa e o silêncio do vereador Geraldo Medeiros — que se afastou discretamente da oposição na Câmara, alinhada a Willian Souza — aumentam as especulações sobre a coesão atual da legenda.
Esse cenário local se insere no contexto nacional em que o PT se vê diante do dilema entre manter sua identidade histórica de esquerda ou adaptar-se à governabilidade, abrindo espaço para alianças com partidos do centro e da direita. Em Sumaré, essa disputa é representada por dois perfis opostos: um que defende a continuidade de alianças pragmáticas com antigos adversários ideológicos, e outro que busca reconstruir o partido pela base, focando em seus princípios fundadores.
A decisão dos filiados em Sumaré poderá influenciar diretamente os rumos do partido nas eleições municipais de 2026, impactando também a política na Região Metropolitana de Campinas, incluindo cidades como Nova Odessa, Hortolândia e Paulínia.
Fonte: Da redação