segunda-feira, 23 junho, 2025
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Eleições do PT em Sumaré revelam disputas internas e definem rumos do partido

Às vésperas da eleição para presidente e diretoria do PT de Sumaré, duas chapas disputam o comando, reacendendo debates sobre o futuro ideológico e estratégico do partido na região metropolitana de Campinas.

Às vésperas da eleição para a nova presidência e diretoria executiva do Partido dos Trabalhadores (PT) de Sumaré, o clima interno da sigla evidencia uma realidade pouco discutida fora dos bastidores: os partidos políticos não funcionam como blocos monolíticos.

Embora durante as eleições atuem de maneira coesa, internamente disputas intensas e estratégicas definem os rumos ideológicos e operacionais das legendas. Em Sumaré, essa dinâmica está mais evidente do que nunca.

No próximo mês, os filiados do PT em Sumaré escolherão o novo presidente municipal e os integrantes da Diretoria Executiva. O processo eleitoral ocorre de forma separada, o que significa que o presidente eleito poderá não contar com uma diretoria alinhada, tornando o pleito politicamente delicado e desafiador.

Histórico e crise do PT em Sumaré

Historicamente, o PT foi protagonista na política local, tendo governado a Prefeitura com o ex-prefeito Antônio Bacchim, em um período com perfil e lideranças diferentes.

Após a derrota do sucessor Tito para Cristina Carrara em 2012, o partido entrou em crise em sintonia com o enfraquecimento nacional, marcado pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a prisão do ex-presidente Lula. Muitos chegaram a decretar o fim político do PT.

A reversão da sentença de Lula, sua liberdade e a vitória nas urnas em 2022 recolocaram o partido como força ativa na política brasileira. Em Sumaré, a reestruturação foi liderada pelo ex-vereador Willian Souza, cuja atuação na Câmara Municipal e na luta por moradia, especialmente na Vila Soma, resgatou a relevância do PT na cidade.

Divisões internas e alianças controversas

No entanto, a guinada estratégica de Willian Souza, que se aliou a partidos de direita e compôs chapa com o vice do União Brasil, Décio Marmirolli, causou desconforto em parte da militância mais à esquerda.

Willian Souza também foi aliado do clã Dalben, tendo atuado como chefe de governo do ex-prefeito Luiz Dalben, aprofundando a sensação de distanciamento dos ideais originais do partido. Seu pragmatismo político reorganizou a sigla, abriu espaço para novas lideranças, mas afastou parte da “velha guarda” ligada ao tempo de Antônio Bacchim, criando um novo polo de tensão interna.

Duas chapas disputam a presidência municipal do PT em Sumaré: o atual presidente, Roberto Vensel, ligado diretamente a Willian Souza, e André Oliveira, advogado e liderança sindical apoiado por Jobson, presidente do Sindicato dos Servidores de Sumaré (Sindissu).

Posições das chapas e citações

O PT sempre foi referência em participação e diálogo com a base, e é justamente isso que quero fortalecer: ampliar o debate, ouvir os filiados e valorizar a pluralidade de ideias. Acredito que esse momento de disputa interna tem tudo para tornar o partido ainda mais forte, mais conectado com as demandas da população e com a nossa militância. André Oliveira, advogado e liderança sindical

Roberto Vensel, que comanda o diretório municipal, não respondeu às tentativas de contato da reportagem. Sua ligação com Willian Souza é vista como uma extensão do projeto político que reergueu o partido, mas que também dividiu opiniões internas.

Disputas ideológicas e futuro do PT em Sumaré

Embora o PT não reconheça oficialmente divisões internas, o surgimento das duas chapas e a presença de lideranças fortes evidenciam uma disputa ideológica em curso.

A recente mudança de postura do vereador Geraldo Medeiros, que silenciosamente deixou o bloco de oposição na Câmara ligado ao grupo de Willian Souza, reforça os sinais de fissuras.

A eleição interna do PT de Sumaré é mais que uma formalidade burocrática: é um termômetro do futuro do partido na região metropolitana de Campinas. O pleito definirá se a legenda seguirá firmemente alinhada à esquerda e aos movimentos sociais ou se adotará uma postura mais flexível, capaz de alianças pragmáticas com a direita em busca de espaços de poder.

Independentemente do resultado, esse processo marca um capítulo fundamental da história política recente do PT em Sumaré, representando uma rara disputa real de poder em um cenário onde muitos partidos funcionam como meros cartórios de interesses externos. No PT, pelo menos, os filiados ainda têm a palavra final.

Fonte: Da redação

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