A inteligência artificial (IA) já integra a rotina de escolas, professores e alunos, oferecendo um potencial enorme para ampliar o acesso à informação e renovar práticas pedagógicas — desde que seu uso seja orientado por propósito, consciência e ética.
IA como parceira da aprendizagem
Para Roberta Guimarães, pedagoga e diretora do Colégio Adventista Taquaral — Campinas, a IA amplia horizontes ao disponibilizar um universo quase infinito de dados e recursos didáticos. No colégio, a prática adotada é não utilizar ferramentas de IA durante as aulas presenciais, mas permitir seu uso em casa como apoio ao estudo e à pesquisa.
Segundo a diretora, cabe ao professor orientar os estudantes a transformar informação em conhecimento, estimulando a reflexão crítica e a autoria intelectual, especialmente entre adolescentes nativos digitais.
Desafios éticos e prática docente
O principal desafio é educar o aluno para que não delegue à IA o ato de pensar, criar e refletir — o copiar e colar pode ser tentador, mas impede o desenvolvimento do raciocínio próprio. A ética no uso da tecnologia passa por ensinar critérios de verificação, autoria e responsabilidade.
A IA também precisa de orientação humana: perguntas bem formuladas e um repertório prévio do usuário melhoram resultados. É por meio do prompt — clareza e direção nas perguntas — que se “ensina” a ferramenta a entender intenções e objetivos.
Formação docente e personalização
Professores recebem formação e acompanhamento para integrar a IA ao planejamento pedagógico, à análise de dados e à personalização das aulas. Quando bem utilizada, a tecnologia ajuda o docente a enxergar o aluno por inteiro — suas potencialidades, ritmos e desafios — e a traçar estratégias mais eficazes para desenvolver competências.
Essa visão permite intervenções mais precisas e recursos ajustados a diferentes ritmos de aprendizagem, sem retirar do professor o papel pedagógico central.
Inovação com propósito educativo
A resistência inicial dos educadores tem cedido espaço a uma compreensão mais ampla: a IA é um meio para ampliar o alcance do ensino e abrir novas possibilidades, não um fim em si mesma. O uso responsável da tecnologia é um convite à inovação com propósito, à aprendizagem significativa e à formação de cidadãos éticos, críticos e criativos.
Em última instância, a tecnologia não substitui o momento insubstituível em que o aluno percebe, com inteira compreensão, algo novo — tarefa que permanece no centro da atuação docente.
Sobre a autora e fonte
Roberta Guimarães é pedagoga, mestre em Educação, com MBA em Tecnologias Educacionais e diretora do Colégio Adventista Taquaral — Campinas.

Fonte: Roncon & Graça Comunicações




