sexta-feira, 12 dezembro, 2025
Formatar Data em JavaScript

Divórcio com ativos complexos exige perícia contábil e precisão na divisão de bens

Quando o casamento termina e a partilha de bens envolve empresas, fundos e investimentos, o divórcio vira menos emoção e mais matemática.

Regime e diagnóstico técnico

No regime de comunhão parcial de bens, tudo o que foi adquirido ao longo da união entra na conta — inclusive negócios, participações societárias e aplicações financeiras de difícil valoração.

A separação de ativos empresariais demanda um diagnóstico técnico: juízes costumam determinar perícias contábeis para estimar o valor real de uma empresa, verificar se ela surgiu durante o casamento e se houve esforço comum na sua valorização.

O perito analisa balanços, contratos, dívidas, fluxo de caixa e até retiradas informais para evitar ocultação de patrimônio.

Métodos de avaliação

O cálculo do valor pode seguir métodos distintos; cada técnica tem limitações e, em casos complexos, o laudo combina abordagens para formar uma faixa de avaliação, não um número absoluto.

  • Valor patrimonial contábil: ativos menos passivos; deixa de fora intangíveis.
  • Fluxo de caixa descontado: projeta o potencial econômico da empresa; depende de hipóteses contestáveis.
  • Múltiplos de mercado: comparação com negócios semelhantes; só é aplicável quando há parâmetros comparáveis.

Data de referência e efeitos

A definição da data de referência para mensuração dos bens é sensível. Em regra, considera-se o patrimônio existente na data em que o divórcio foi proposto, mas o juiz pode fixar outra data.

Alterações posteriores podem gerar compensações, tornando o momento da avaliação determinante para o resultado da partilha.

Fundos, ações e investimentos ilíquidos

Fundos, ações e aplicações líquidas seguem valor de mercado. Investimentos ilíquidos — como private equity, startups e quotas de empresas familiares — passam pelo mesmo crivo técnico das empresas: avaliação de mercado, descontos por iliquidez e análise detalhada de documentos.

Em pequenas empresas, descontos por participação minoritária costumam gerar debates intensos entre peritos e advogados.

Origem do capital e valorização

Quando o negócio existia antes do casamento, o bem tende a permanecer particular; porém, se houve crescimento impulsionado por recursos comuns, essa valorização pode ser partilhada.

Para comprovar origem de capital, documentação precisa torna‑se essencial — algo nem sempre presente em empresas de administração familiar.

Atuação de advogados e peritos

Advogados especializados definem provas, solicitam perícias, negociam critérios de avaliação e atuam para evitar a diluição do patrimônio por meio de retiradas atípicas, empréstimos fictícios ou contratos entre familiares.

Peritos elaboram laudos, explicam metodologias e projetam cenários mínimos, medianos e máximos, deixando claras as premissas adotadas.

Soluções práticas

Na prática, muitas separações que envolvem empresas chegam a soluções negociadas:

  • Pagamento compensatório entre os cônjuges.
  • Venda da sociedade e divisão do valor.
  • Manutenção do negócio por apenas um dos cônjuges com quitação futura.

Essas alternativas buscam proteger empregos, preservar o negócio e evitar guerra societária — dano que em alguns casos supera o próprio divórcio.

Conclusão

Separar vida, patrimônio e negócios é possível, mas exige técnica, transparência documental e especialistas que traduzam a linguagem dos números para a realidade do Direito.

Quando os ativos são complexos, qualquer avaliação simplista é convite para decisões injustas ou para prejuízos difíceis de reparar.

Fonte: Da redação

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhar Post

Popular

Descubra mais sobre Jornal Spasso Cidades

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading