No dia 7 de setembro, patriotas de todo o Brasil celebraram o orgulho de ser brasileiro. Em Sumaré, no entanto, a população não teve essa oportunidade, pois a cidade cancelou o desfile em comemoração à independência. Embora muitos cidadãos se orgulhem de seu estado, cidade e até mesmo de seus bairros, em Sumaré esse sentimento enfrenta sérias dificuldades.
Por exemplo, Nova Odessa é conhecida como “Paraíso do Verde”, repleta de árvores e dotada de um Jardim Botânico Plantarum, uma referência nacional em botânica e internacional em Plantes Alimentícias Não-Convencionais (PANCs). Além disso, 99% do esgoto produzido na cidade é tratado antes de ser devolvido à natureza, transformando os resíduos do tratamento em adubo. O orgulho de ser novaodessense resulta do compromisso da cidade com o meio ambiente, além de um sistema de saúde que é referência regional, com um excelente hospital e postos de saúde bem cuidados.
Em Hortolândia, o orgulho é pautado pela superação. Uma das regiões mais problemáticas de Sumaré, a cidade vizinha se desenvolveu consideravelmente após a emancipação. Hoje, Hortolândia exibe lindas avenidas, praças e parques, tornando-se um dos melhores lugares da região para se viver, apesar do crescimento desordenado que enfrentou.
Por outro lado, a situação em Sumaré é diferente. Composta por sete regiões (Centro, Picerno, Nova Veneza, Área Cura, Matão, Maria Antônia e Rural), o sentimento de unidade é raro. As regiões são isoladas, e o transporte público, que é lento, precário e caro, não favorece a circulação dos moradores.
Além disso, parques públicos como a Represa do Marcelo e o Horto Florestal estão abandonados pelo poder público. Essas áreas, que poderiam ser opções de lazer para os moradores e promover a integração entre as regiões, estão em péssimas condições, levando os sumareenses a preferirem alternativas vizinhas, como o Parque da Criança e a Praça Central em Nova Odessa, ou os parques Jequitibás e Taquaral em Campinas.
A educação em Sumaré também precisa de atenção. Embora a chegada da ETEc seja um avanço, instituições como a escola Dr. Leandro Franceschini carecem de investimentos. A educação infantil, em particular, é negligenciada. Enquanto Nova Odessa se destaca com escolas de ensino infantil de referência, como a Bem-te-vi, o Jardim Encantado e a EMEF Dante Gazzetta, Sumaré enfrenta dificuldades para concluir as obras da escola do Jardim Lucélia, que está em construção desde a gestão de Cristina Carrara.
Sumaré possui uma história rica, formada por cidadãos honestos e trabalhadores. Com um esforço conjunto, locais como a escola Dr. Leandro Franceschini, a represa do Marcelo Pedroni, o Horto Florestal e o Hospital Conceição Imaculada foram conquistados. No entanto, décadas de descaso do poder público resultaram na deterioração desses espaços, e alguns, como o hospital, foram perdidos.
O próximo governante de Sumaré terá muitos desafios pela frente, mas o maior deles será resgatar o orgulho de ser sumareense. Uma cidade tão próspera, com diversas empresas locais e multinacionais, um povo trabalhador e uma história linda não deveria enfrentar tantas dificuldades. Com comprometimento e ações efetivas, é possível restaurar o orgulho dos cidadãos e garantir que Sumaré tenha suas regiões integradas, com transporte público de qualidade e evitando que outras áreas enfrentem os mesmos problemas que ocorreram em Hortolândia.