Os servidores municipais são a espinha dorsal do serviço público, executando as diretrizes do prefeito e dos vereadores. Nas escolas, postos de saúde, guardas e em muitos outros setores, são os servidores que realmente cuidam do povo. Uma profissão tão nobre deveria ser valorizada, mas essa valorização ainda está distante da realidade em Sumaré.
Em 1998, o então prefeito de Sumaré, Dirceu Dalben, propôs um corte de 12% nos salários dos servidores públicos, alegando a necessidade de conter gastos excessivos durante sua gestão. Revoltada, a classe dos servidores sugeriu que o prefeito abrisse mão de seus cargos comissionados. Em assembleia, os trabalhadores rejeitaram essa proposta considerada vergonhosa.
Como resposta à rejeição, Dalben sugeriu a demissão de 400 servidores públicos. Ao invés de aceitar a redução de um salário já defasado, a solução do prefeito era deixar 400 famílias sem seu sustento, em um período em que encontrar um emprego era ainda mais difícil do que hoje.
Durante a gestão do PT de Bacchim, que havia sido vice-prefeito de Dalben, a situação dos servidores não melhorou significativamente. A administração da época, incapaz de proporcionar o aumento adequado, optou por parcelar a reposição salarial, a qual acabaria extrapolando o mandato do petista e deixando a responsabilidade para Cristina Carrara, sua sucessora.
A reposição oferecida por Bacchim abrangia os anos de 2009 e 2010 e antecipava aumentos para 2011 e 2012, todos dentro de seu segundo mandato. Para evitar lidar com o reajuste e suas respectivas imposições, o então prefeito decidiu parcelar o pagamento em quatro partes, com as três últimas ficando a cargo da nova gestora.
Quando Cristina assumiu em 2013, ela se viu obrigada a lidar com três aumentos de 3% na folha de pagamento dos servidores, sendo o primeiro em janeiro e o último em setembro. Com a folha comprometida e a Lei de Responsabilidade Fiscal limitando gastos, Cristina enfrentou grandes dificuldades com os servidores.
Para honrar os reajustes de Bacchim, mesmo que com atraso, Cristina ficou impossibilitada de oferecer os devidos aumentos durante sua gestão. Assim, a estratégia de parcelamento proposta por Bacchim, em vez de valorizar os servidores, acabou por defasar ainda mais seus salários. Essa decisão de parcelamento foi péssima e comprometeu o futuro dos servidores municipais.
Atualmente, o SINDISSU reivindica um reajuste de 45% para compensar a defasagem salarial dos últimos anos. A atual administração ofereceu apenas 4,5% em abril deste ano, aprofundando a insatisfação da classe. Desde o fim dos anos 90, quando a situação começou a deteriorar com Dirceu Dalben, passando pelos desafios da gestão do PT, até a continuidade da crise sob Cristina e Luiz, é bastante improvável que os servidores recebam os aumentos devidos. Essa negligência por parte dos governos anteriores e atual impactará a classe por décadas.
As consequências sociais da desvalorização dos salários são profundas, afetando diretamente a qualidade de vida das famílias dos servidores. Com salários defasados, muitas dessas famílias enfrentam dificuldades financeiras, limitações no acesso a serviços essenciais e comprometimento do bem-estar social. A luta por salários justos não é apenas uma questão trabalhista; é uma questão de dignidade e respeito àqueles que dedicam suas vidas ao serviço público.