domingo, 2 novembro, 2025
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COP 30: seguradoras propõem seguro emergencial e custos de desastres entram na pauta

A COP 30 reunirá países do mundo inteiro para discutir o clima, medidas para reduzir a degradação ambiental e o montante de recursos a ser investido pelos países ricos. A realização da conferência no Brasil, na Amazônia, coloca em evidência impactos financeiros, proteção imediata às vítimas e propostas do setor de seguros diante de efeitos climáticos já visíveis.

Impactos financeiros e setor de seguros

Os custos de eventos climáticos têm crescido de forma expressiva, pressionando seguradoras e governos a rever modelos de proteção. No ano passado, eventos de origem climática custaram cerca de US$ 250 bilhões, dos quais aproximadamente US$ 60 bilhões foram cobertos por seguradoras, em sua maior parte em países ricos.

Essa assimetria revela que muitos países menos ricos e suas populações permanecem sem respaldo financeiro duradouro após catástrofes, o que amplia a vulnerabilidade social e econômica.

Lacuna no apoio pós-desastre

No imediato após uma catástrofe, governos e campanhas de solidariedade costumam oferecer abrigo e auxílio emergencial em escolas, igrejas e estádios, reduzindo prejuízos iniciais. Porém, quando a emergência passa, a maioria das vítimas fica sem recursos para reconstruir casas, retomar negócios ou reorganizar a vida.

Casos como o da Serra Fluminense — onde moradores aguardam há mais de dez anos por ajuda prometida — ilustram a persistência dessa lacuna entre socorro inicial e recuperação duradoura.

Proposta de seguro emergencial

Para enfrentar essa falha, seguradoras brasileiras propuseram a criação de um seguro obrigatório emergencial para catástrofes. A proposta prevê pagamento imediato de um valor para atender às primeiras necessidades das vítimas, sem contemplar indenização para reconstrução de casas ou recuperação de negócios.

Trata-se de uma tentativa de oferecer resposta rápida e reduzir o impacto imediato sobre famílias e comunidades, ainda que não substitua políticas públicas de reconstrução e recuperação a médio prazo.

Secas, chuvas e indenizações recentes

As mudanças climáticas têm afetado regiões por secas prolongadas e por eventos extremos de chuva. O Rio Grande do Sul, por exemplo, sofreu seca extremamente severa nos dois anos anteriores às chuvas de 2023, evidenciando a variabilidade e gravidade dos fenômenos.

Em termos de seguro, as chuvas de 2024 geraram cerca de R$ 6 bilhões em indenizações, enquanto as secas responderam por aproximadamente R$ 10 bilhões, totalizando cerca de R$ 16 bilhões em pagamentos — valor expressivo, porém inferior ao total dos prejuízos econômicos.

COP 30: oportunidade de ação

A presença da COP 30 no Brasil e na Amazônia é uma oportunidade para colocar na agenda temas como impactos financeiros, proteção imediata às vítimas e soluções de seguro. Ao mesmo tempo, recuos como o abandono do Acordo de Paris por alguns países fragilizam o esforço coletivo e adiam soluções necessárias.

Discutir e articular mecanismos que reduzam riscos, ampliem cobertura e acelerem respostas após catástrofes é necessário para mitigar danos futuros; não agir seria o pior caminho diante da probabilidade concreta de agravamento da situação.

Antonio Penteado Mendonça é escritor, advogado sócio da Penteado Mendonça e Char, formado pela USP, com especialização em Direito Ambiental pelo DSE, na Alemanha, e em Seguros pela FGV-Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Também é professor, palestrante, escritor e ex-presidente da Academia Paulista de Letras.
Fonte: Antonio Penteado Mendonça

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