Em 2015, o DAE (Departamento de Água e Esgoto) de Sumaré foi concedido à iniciativa privada pela então prefeita do município, Cristina Carrara. A justificativa para a concessão era de que o departamento não era capaz de entregar um serviço com qualidade e consistência e que o poder público não poderia arcar com os custos. Contudo, após o DAE sair de cena, as tarifas de água aumentaram consecutivamente e a falta de água ainda afeta os moradores de Sumaré diariamente.
Luiz Dalben, então vice-prefeito de Cristina Carrara, era o presidente do DAE antes da concessão, contudo, em 2013, foi exonerado pela prefeita, o que deixou clara a intenção da privatização. Quem assumiu foi Valmir Ferreira da Silva, que deixou o caminho aberto para que a Odebrecht Ambiental assumisse o comando.
Após a concessão, um escândalo recaiu sobre o caso. Cristina Carrara foi alvo de delação premiada durante as investigações da Odebrecht. Segundo o executivo da empresa, Guilherme Pamplona Paschoal, a Odebrecht havia repassado propina a Cristina no valor de R$ 600 mil para conquistar a concessão.
Uma CEI foi aberta na Câmara Municipal em 2017, onde Cristina foi considerada culpada por crime de fraude no processo licitatório, contudo, em 2019, o caso foi arquivado pela justiça e Cristina Carrara não responde mais por quaisquer crimes que possam ou não ter sido cometidos por ela.
No mesmo ano, a Odebrecht Ambiental foi parcialmente adquirida pela BRK, empresa que administra os serviços até hoje na cidade.
Após vencer as eleições, Luiz Dalben tentou cumprir uma promessa de campanha: reverter a terceirização do DAE. Em abril de 2017, tentou suspender a privatização, mas falhou. Após o incidente, nunca mais tocou no assunto e o DAE segue apenas na memória do cidadão.
Projeto Antigo
A ideia de privatizar ou conceder serviços na cidade não é novidade trazida por Cristina Carrara. Em dezembro de 2000, o então prefeito Dirceu Dalben enviou à Câmara Municipal um projeto de lei que regulamentaria as concessões de serviços públicos no município. A lei abriria a possibilidade de terceirização dos serviços do DAE.
Apesar da administração negar as intenções, conforme noticiado pela Folha de Campinas, o então vereador Décio Marmirolli disse à imprensa na época: “O projeto de lei é um cheque em branco para o prefeito. Ele outorga poderes para realizar qualquer coisa (…) A terceirização pode dilapidar o patrimônio público e representar um ônus para a população.”