Nas estações mais frias, o céu do interior de São Paulo e do sul de Minas Gerais tem ficado acinzentado, mas nem sempre isso anuncia chuva. Em setembro de 2024 estações de monitoramento classificaram o ar como “ruim a muito ruim” em diversos pontos da capital paulista, após um sistema de ar quente sobre uma camada fria próxima ao solo impedir a dispersão de poluentes. Esse quadro, somado a um aumento recorde de queimadas — com incêndios no interior paulista atingindo níveis inéditos desde 1998 — gerou uma pluma espessa de fumaça transportada por vento quente e seco.
Segundo os registros, a inversão térmica concentrou poluentes nas camadas mais baixas da atmosfera, mantendo material particulado e fumaça próximos ao solo. O fenômeno levou a momentos prolongados de céu opaco e a episódios de qualidade do ar muito baixa em regiões metropolitanas e interiores.
Como distinguir nuvens de chuva e nuvens de fumaça
A educadora ambiental da Associação Ambientalista Copaíba, Viviane Condotta Gabriel, orienta observar o comportamento do céu e as condições ambientais para diferenciar as formações.
As nuvens de chuva, especialmente as chamadas cúmulo-nimbos, são densas, têm contornos bem definidos e se movimentam com velocidade, geralmente antecedendo ventos fortes, trovoadas ou quedas bruscas de temperatura.
Características da poluição atmosférica
Formações de poluentes costumam apresentar cor cinza‑escura ou amarronzada, aspecto sujo e ausência de contornos definidos; elas tendem a tapar o sol ou tornar o céu opaco. A fumaça geralmente vem acompanhada de cheiro de queimado, desloca‑se de forma lenta e uniforme e pode manter o céu “nublado” por dias, ao contrário das nuvens de chuva.
Se não houver previsão de chuva, mas o céu estiver escuro e o ambiente carregado, é provável que estejamos diante de poluição atmosférica, o que pode agravar quadros de rinite, asma e alergias.
Recomendações práticas
- Evitar exposição em horários críticos, especialmente durante episódios de baixa qualidade do ar.
- Usar máscara PFF2/N95 em áreas com fumaça visível.
- Manter ambientes internos úmidos e bem ventilados quando possível.
- Evitar exercícios ao ar livre se a umidade relativa estiver <30% ou se houver poluição visível.
- Monitorar a qualidade do ar por serviços como IQAir, Cetesb ou o app AQICN.
- Hidratar‑se com frequência para aliviar irritações respiratórias.
A Associação Ambientalista Copaíba, criada em 1999 em Socorro (SP), atua em 19 municípios da região leste de São Paulo e do sul de Minas Gerais. Segundo a entidade, já produziu mais de 4 milhões de mudas, plantou mais de 1 milhão de árvores envolvendo 700 proprietários parceiros, restaurou 809 hectares e teve 40 mil participantes em ações de educação ambiental. Saiba mais em copaiba.org.br.
Fonte: Jornalista Milena Almeida