A Operação Coffee Break, conduzida pela Polícia Federal, revelou um sistema profissionalizado de propinas que conectava a empresa Life Tecnologia Educacional a doleiros, lobistas e políticos da região, com recursos públicos destinados à Educação e repasses entre 2021 e 2024 envolvendo municípios como Sumaré, Hortolândia e Morungaba, além de retirada de recursos em espécie.
Como funcionava o esquema
Segundo a apuração, o núcleo da fraude se baseava em licitações dirigidas, contratos inchados e pagamentos superfaturados, gerando receitas infladas que eram posteriores tratadas por doleiros e por contas de terceiros. O processo usava boletos e várias camadas de operações financeiras para ocultar a origem dos valores, em ciclos que misturavam operadores locais e intermediários financeiros.
Conversão em espécie e operadores
Parte dos recursos teria sido convertida em dinheiro vivo e retirada em pouco tempo, com pagamentos em espécie embalados em sacos plásticos lacrados e retiradas pessoais atribuídas ao dono da Life, André Gonçalves Mariano. A prática de transformar transferências bancárias em dinheiro vivo e depois redistribuí‑lo foi apontada como elemento central para ocultação do esquema.
Entre 2021 e 2024, apenas alguns dos municípios citados teriam repassado quase R$ 100 milhões à Life, sendo que cerca de R$ 10,3 milhões foram convertidos em espécie em pouco mais de um ano.
Intermediários e movimentações suspeitas
No centro das apurações em Sumaré aparece o papel do ex-secretário de Educação, José Aparecido Ribeiro Marin, apontado como intermediário que articulava contratos, destravava negociações e recebia vantagens indevidas. Diálogos apreendidos mencionariam pedidos de pagamentos pessoais e a entrada, em um apartamento em Campinas, de quase R$ 550 mil.
Para ocultar rastros, a Polícia Federal relata o uso de um laranja que teria recebido R$ 485 mil via PIX na véspera do Natal. Marin está foragido, segundo as investigações.
Alcance regional
A investigação também alcançou Hortolândia, onde o vice‑prefeito teve prisão preventiva decretada. O vice‑prefeito, Cafu César, foi apontado como ponte para abrir portas e facilitar contratos da Life, reforçando, segundo os investigadores, o caráter metropolitano do esquema e a atuação em rede entre gestores e operadores.
Impactos políticos e próximos passos
Com um ex‑secretário foragido, um vice‑prefeito preso preventivamente, a empresa sob suspeita e dezenas de apreensões, a operação deixou impactos políticos locais e regionais e suscitou questionamentos sobre quem mais sabia e quem se beneficiou dos contratos que financiaram a operação. A Life teria sido utilizada como duto para desviar recursos públicos de diversas prefeituras e abastecer a cadeia de propinas.
As investigações seguem em curso; a Polícia Federal não divulgou todos os desdobramentos, mas, conforme as apurações, a cada nova peça o desenho do esquema se consolida como profissional, metódico e eficiente.
Fonte: Da redação




