Eleições mostraram que o mercado está aberto para novas figuras antissistema, diz analista
Um ponto emblemático do fortalecimento do centro foi a aproximação de Bolsonaro com os partidos que o compõem, especialmente em São Paulo, onde ele apoiou a candidatura de Ricardo Nunes, do MDB, em vez de buscar nomes da direita. O cientista político Leonardo Barreto observa que esse movimento abriu espaço para que figuras como Marçal se identificassem como antissistema e ganhassem projeção.
“Ao caminhar para o centro, ele abriu um espaço na direita, e esse espaço foi ocupado pelo Pablo Marçal”, diz Barreto. “Hoje, a direita é um mercado muito dinâmico. Ao contrário da esquerda, que enfrenta uma fadiga de material, o lado da direita apresenta uma oferta pulsante, sem um único dominador. Aliás, Bolsonaro percebeu isso. Embora mantenha uma influência forte – e o desempenho do PL nas grandes cidades atesta essa realidade –, ele não domina completamente”, acrescenta.
Para Barreto, Bolsonaro “abriu um flanco para que os votos antissistema fossem direcionados a outro candidato”. Ele destaca que, embora o eleitorado antissistema seja significativo, representando cerca de 30% no caso de São Paulo e 40% em Curitiba, esse grupo ainda não possui força suficiente para vencer uma eleição majoritária. “É uma franja do universo ideológico que pode fazer muito sucesso no Legislativo”, ressalta.
Para as eleições majoritárias, Barreto acredita que o eleitorado antissistema tem um teto. “Essa limitação justifica o movimento de Bolsonaro em direção ao centro. O desafio para ele nas eleições de 2026 será encontrar um ajuste fino, sabendo que, ao caminhar para o centro, pode perder alguns eleitores. No entanto, essa é sua única opção se quiser se constituir como uma candidatura viável e competitiva, seja como candidato titular, seja apoiando outro nome”, afirma.