O mercado de crédito consignado desempenha um papel crucial na economia brasileira, movimentando bilhões de reais. Este setor oferece uma das poucas alternativas de crédito acessível para a população de baixa renda, permitindo que milhares de brasileiros consumam de forma digna. No entanto, sua importância é ofuscada pela falta de regulamentação, que garante o bom funcionamento da atividade e protege seus agentes.
A ausência de regras claras expõe o setor a golpes e práticas abusivas, comprometendo consumidores e correspondentes bancários, responsáveis por mais de 50% de todo o crédito consignado liberado no país. Essa realidade foi o foco do 2º Congresso de Correspondentes Bancários e Promotoras de Crédito do Brasil (Corban), realizado recentemente em São Paulo, com a presença de mais de 15 mil pessoas, especialistas e autoridades do setor.
O evento teve como objetivo mobilizar politicamente a regulamentação do mercado. O deputado federal Orlando Silva, participante do encontro, ressaltou a importância do crédito para estimular o consumo e fortalecer a economia, afirmando que o crédito consignado é uma injeção imediata de consumo para os mais pobres.
Edison João Costa, presidente da Associação Nacional das Empresas Promotoras de Crédito e Correspondentes no País (ANEPS), apresentou dados que evidenciam o impacto positivo dos correspondentes bancários na inclusão financeira. Com a diminuição de agências bancárias tradicionais, os correspondentes estão crescendo e absorvendo a demanda, levando serviços financeiros a regiões remotas.
Outro ponto de discussão foi a advocacia predatória, um fenômeno em crescimento que gera prejuízos ao setor. O aumento de processos judiciais infundados visa desestabilizar empresas que operam de forma ética. A regulamentação protegeria consumidores e proporcionaria segurança jurídica às empresas.
O Corban também abordou inovações tecnológicas que podem aprimorar a produtividade e qualidade das operações no mercado de crédito consignado. Painéis discutiram a importância do marketing e da comunicação eficiente para o crescimento dos negócios.
O recado do congresso é claro: a regulamentação do setor é urgente e inadiável. Proteger um segmento que movimenta bilhões é garantir que milhões de brasileiros tenham acesso a crédito de forma justa e segura.
O futuro do crédito consignado no Brasil depende da ação política e do reconhecimento da importância dos correspondentes bancários, que não podem ser relegados à margem do sistema financeiro. A regulamentação é o primeiro passo para assegurar que esse mercado continue a ser um motor da economia nacional, beneficiando consumidores, empresas e o país como um todo.
Yasmin Melo, fundadora do Movimento Gigantes do Consignado e organizadora do Congresso Corban.