A escala de trabalho 6×1, na qual o funcionário trabalha seis dias por semana e folga um, é uma das mais comuns no mercado de trabalho brasileiro. Entretanto, tal regime beneficia principalmente os empregadores, enquanto diminui a qualidade de vida da classe trabalhadora.
Neste tipo de jornada, os empregados precisam trabalhar quarenta e quatro horas por semana, dispostas das mais diversas formas. Na configuração mais tradicional, são oito horas diárias durante cinco dias e um dia de quatro horas. Em suma, seis dias por semana trabalhando. Levando em consideração que a semana tem sete dias, sobra apenas um para que o trabalhador, como diria Marx, dê conta de suas necessidades de saúde, lazer, familiares e acadêmicas.
Os empresários lucram com esse modelo, pois, segundo Jones Manoel, em entrevista ao Inteligência Ltda realizada em [data da entrevista], o regime 6×1 permite que eles reduzam custos, necessitando de menos funcionários para exercer as funções. Em um mundo empresarial cada vez mais competitivo, onde a produtividade é priorizada em relação ao consumo, esses ganhos são tudo que a classe empresarial deseja. Por outro lado, os empregados enfrentam exaustão, baixa qualidade de vida, perda do direito ao lazer, dificuldades nos estudos, problemas nas relações familiares e questões de saúde física e mental. A balança não se equilibra.
Existe um movimento crescente que luta pela redução da carga horária de trabalho no Brasil. Este modelo já foi testado em diversos países. No Reino Unido, por exemplo, empresas experimentaram o modelo de oito horas diárias durante quatro dias da semana — totalizando trinta e duas horas — sem diminuição do salário. Os resultados foram promissores: 91% das empresas aprovaram a nova configuração e decidiram mantê-la; 4% pretendem continuar e apenas 4% descartaram o modelo. Os benefícios incluem mais tempo livre, redução no percentual de desemprego e melhorias na sustentabilidade ambiental.
No Brasil, a luta pela redução da jornada de trabalho é histórica nos movimentos sindicais. Em 2022, a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), organizada por dez sindicatos, apresentou um documento que institui o limite de quarenta horas de trabalho semanais, reduzindo para quatro os dias trabalhados.
Entende-se, portanto, que a redução da jornada de trabalho — defendida por estudiosos, sindicalistas e validada em outros países — é uma forma palpável de mitigar os efeitos negativos trazidos à classe trabalhadora pelo sistema capitalista. Embora a sociedade brasileira ainda seja governada por ideais neoliberais, a proposta apresentada pela Conclat parece ser mais viável, mesmo diante da resistência da burguesia. Isso, no entanto, não resolve todos os problemas. Enquanto o povo trabalhador não estiver no poder, enfrentaremos muitas tribulações. Contudo, é fundamental buscar a melhoria da qualidade de vida do proletariado com os recursos disponíveis.
Por: Luciano Victor – Escritor