O cenário político brasileiro se encontra em uma fase de intensa polarização e incerteza, especialmente após as eleições presidenciais de 2022. A recente decisão da Polícia Federal (PF) de indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado levanta novas questões sobre o futuro do bolsonarismo e seu impacto na política nacional.
Durante o CNN Prime Time desta quinta-feira (21), o analista político Caio Junqueira avaliou as implicações desse desenvolvimento para Bolsonaro e para o movimento político que leva seu nome. Segundo Junqueira, a situação de Bolsonaro é complicada e a tendência é de que ele vire réu. Ele acrescentou que, se denunciado e a denúncia for aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro será julgado pela corte.
“Não há uma predisposição ali de aliviar, vamos dizer assim, por parte do Supremo Tribunal Federal para o ex-presidente Jair Bolsonaro”, observou Junqueira, referindo-se à relação tensa que permeou os quatro anos do governo Bolsonaro, onde o STF foi o principal alvo de ataques por parte do ex-presidente e seus apoiadores.
Diante desse cenário, o especialista apostou numa tendência de Bolsonaro se tornar réu, ser condenado e possivelmente sentenciado à prisão por tentativa de golpe de Estado. No entanto, apesar das perspectivas legais desfavoráveis para o ex-presidente, Junqueira acredita que o movimento político inspirado nele deve persistir.
“O bolsonarismo deve persistir independentemente de uma prisão, de uma condenação ou não do Bolsonaro”, afirmou. O analista baseou sua avaliação em pesquisas que indicam que cerca de 20% a 25% do eleitorado brasileiro, considerado o núcleo duro do bolsonarismo, apoia o ex-presidente “aconteça o que acontecer com ele”.
Esse segmento da sociedade, segundo Junqueira, interpreta as acusações como uma perseguição política, acreditando que o STF e o governo Lula têm interesse direto na condenação de Bolsonaro. “O bolsonarismo deve persistir no tempo, ainda que Bolsonaro seja condenado, não com a mesma força, não com uma força suficiente para reconduzi-lo à presidência da República mesmo porque ele está inelegível, mas o bolsonarismo persistirá”, concluiu Junqueira.
Além disso, especialistas em ciência política têm apontado que o bolsonarismo não é apenas uma questão de liderança, mas também um fenômeno social que reflete descontentamentos mais amplos na sociedade brasileira. A análise de dados recentes sugere que a base de apoio a Bolsonaro se alimenta de uma narrativa de resistência e de um sentimento anti-establishment que ressoa entre segmentos da população.
Por: Caio Junqueira – Advogado e jornalista, atualmente é analista de política na CNN Brasil