A minissérie da HBO Max “Ângela Diniz: Assassinada e Condenada” reacende o debate sobre a persistente violência contra a mulher, lembrando que casos que ocupam as manchetes hoje atravessam décadas.
O caso e seu contexto
Ângela Diniz foi socialite nos anos 1970 e quebrou padrões da época ao se divorciar, perder a guarda dos filhos e viver relacionamentos abertamente. Mudou-se para o Rio de Janeiro e tornou‑se figura das colunas sociais, mas sofreu estigmatização e julgamentos constantes.
Ela foi assassinada em 30 de dezembro de 1976, em Búzios, com três tiros no rosto e um na nuca, disparados pelo namorado, Doca Street. Além da brutalidade do crime, chocou o respaldo social e jurídico dado à época: a tese da “legítima defesa da honra” foi usada para justificar o homicídio, resultando em uma pena de apenas dois anos de prisão.

O caso impulsionou debates que marcaram a luta feminista contra a violência de gênero e expôs o machismo estrutural do sistema de justiça.
Repercussão e persistência cultural
A rejeição jurídico‑formal à “legítima defesa da honra” só se consolidou décadas depois: o Supremo Tribunal Federal declarou a tese inconstitucional em 2023, reconhecendo que a honra não pode legitimar a violência.
Mesmo assim, a reação pública ao revisitar a história continua a surpreender e entristecer: nas redes sociais, parte do debate ainda se concentra em julgar o comportamento da vítima em vez de condenar o crime. Muitos comentários — inclusive de mulheres — reproduzem discursos conservadores que relativizam a violência e absolvem simbolicamente o agressor.
“Quantas vidas ainda precisarão ser ceifadas para que essa violência de gênero seja efetivamente enfrentada e combatida?”
O que falta
A minissérie funciona como alerta: não basta a mudança de leis se não houver transformação cultural e políticas públicas efetivas de prevenção e proteção. É preciso confrontar narrativas que naturalizam o controle sobre o corpo e a vida das mulheres e exigir respostas que protejam, de fato, suas vidas.
Chamadas para redes sociais:
- Não culpe a vítima. Combata a violência.
- “Legítima defesa da honra”: inconstitucional desde 2023 — a justiça não pode justificar o crime.
- Autonomia feminina não é afronta.

Fonte: Regiane Freire – advogada.




