A Operação Coffee Break, conduzida pela Polícia Federal, desmontou parte de uma engrenagem que movimentou mais de R$ 100 milhões em contratos fraudulentos da área da Educação e deixou de ser um escândalo municipal para provocar apreensão entre políticos de Sumaré, Hortolândia, Paulínia e cidades vizinhas. A investigação, ainda em andamento, aponta vínculos políticos regionais e alertas sobre prisões, foragidos e denúncias antes da publicação dos fatos.
Detalhes da investigação
A Polícia Federal identificou que o esquema não respeitava fronteiras administrativas e que documentos e contratos foram articulados para favorecer empresas privadas em licitações da Educação. O material apreendido inclui registros que sugerem confirmações de prisões, status de foragidos e denúncias encaminhadas antes da divulgação oficial.
Desdobramentos em Sumaré
Na Câmara de Sumaré cresce a pressão pela criação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar contratos firmados na gestão passada, período em que a empresa Life Tecnologia teria tido acesso a documentos internos da Secretaria de Educação. Segundo as apurações, termos de referência teriam sido moldados em benefício da contratada.
As investigações detalham interferência do empresário André Mariano nos bastidores do setor e apontam atuação promovida no governo de Luiz Dalben, quando servidores da base de confiança estariam envolvidos. Figuras políticas buscam hoje se desvincular do caso temendo que depoimentos e quebras de sigilo revelem omissões e relações antes tratadas como alianças administrativas.
Repercussão em Hortolândia
Em Hortolândia, a prisão do vice-prefeito Cafu César — acusado de facilitar contratos, direcionar compras e movimentar milhões em dinheiro vivo — desencadeou mudanças imediatas na administração. O prefeito Zezé Gomes substituiu secretários e reavaliou estruturas para tentar conter o impacto político e administrativo.
A presença do secretário de Educação Fernando Moraes entre os presos e sua interlocução com setores estratégicos da gestão abre a possibilidade de novas ramificações nas investigações, enquanto a prefeitura tenta reorganizar a narrativa sobre transparência para evitar que mais nomes da alta administração sejam citados.
Riscos para Paulínia
Até então tratada como espectadora, Paulínia entrou na zona de risco após apurações que indicam que Fernando Moraes financiou cerca de R$ 40 mil em material gráfico para candidatos do PSB local sem declarar à Justiça Eleitoral. Segundo as informações, o dinheiro pagou santinhos e impressos produzidos na região de Avaré e registrados com CNPJ de candidatos, caracterizando possível caixa 2.
O principal beneficiado apontado é Wagner Martins, secretário do PSB local e candidato derrotado nas duas últimas eleições; a divulgação das informações silenciou parte da militância e motivou reações de adversários que apontam ramificações políticas do esquema.
Ramificações regionais
A amplitude da Coffee Break mostra que o alcance vai além de compras superfaturadas, envolvendo teias políticas regionais e articulação entre agentes públicos e privados. O vice-prefeito preso era figura de articulação em cidades vizinhas, e lideranças locais agora temem tornarem-se personagens involuntários nos próximos autos da Polícia Federal.
Embora não citado diretamente nas investigações iniciais, Dirceu Dalben mantém relação histórica com José Marin, ex-secretário de Educação de Sumaré que está foragido — trânsito que preocupa lideranças sobre possíveis desdobramentos. O conjunto dos fatos aponta para um sistema que usava a Educação como moeda e licitações como ferramenta para negócios privados.
Próximos passos
Com ramificações eleitorais, vínculos partidários e articulações regionais vindo à tona, políticos de toda a região acompanham cada movimentação da Polícia Federal com apreensão. A operação ainda não terminou e a próxima cidade a aparecer no noticiário pode ser qualquer uma das envolvidas.
