A Operação Coffee Break, deflagrada pela Polícia Federal na quarta-feira (12), voltou a colocar sob investigação contratos firmados entre a Prefeitura de Sumaré e a empresa Life Tecnologia Educacional Ltda., relativos a processos licitatórios de 2020.
A operação federal retoma apurações já noticiadas pelo Spasso Cidades em 2024, quando reportagens apontaram que a administração municipal havia empenhado mais de R$ 21 milhões na compra de livros por valores acima da média de mercado, incluindo exemplares que chegaram a custar R$ 398,90 cada. A cobertura mostrou ainda que os materiais não teriam passado por avaliação do Conselho Municipal de Educação nem do Centro de Formação dos Educadores, apontando um modelo de contratação considerado caro e pouco transparente.
Na sequência das reportagens, a gestão do então prefeito Luiz Alfredo Dalben reagiu com postagens em redes sociais classificando as reportagens como fake news e adotando iniciativas para desqualificar o trabalho jornalístico. Membros ligados ao então líder de governo e candidato a prefeito, Willian Souza (PT), tentaram recolher edições impressas do Spasso Cidades; a Guarda Municipal chegou a apreender 4.200 exemplares, medida que depois foi revertida pela Justiça, com determinação de devolução. O jornal também relatou ameaças, agressões e pressões sofridas por sua equipe de distribuição.
Detalhes da nova fase
Na nova fase da investigação foram cumpridos mandados de busca e apreensão na Prefeitura, na Secretaria de Educação, na Secretaria de Administração e no Arquivo Público. A apuração, conduzida pelo Ministério Público Federal com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), incluiu recolhimento de documentos, computadores e mídias com registros de visitas de representantes da empresa e processos administrativos da época.
Alvos e medidas
Segundo a Polícia Federal, os investigados podem responder por corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e organização criminosa. Ao todo foram cumpridos 50 mandados de busca e apreensão e seis de prisão preventiva em três estados, com os alvos em Sumaré concentrados em setores ligados à educação — o mesmo âmbito em que o jornal havia identificado inconsistências e ausência de justificativas técnicas.
A Prefeitura informou que os contratos investigados pertencem à gestão Dalben, que a administração atual não é alvo da operação e que tem colaborado integralmente com as autoridades; o Executivo disse ainda ter instaurado sindicância interna para apurar possíveis irregularidades. O ex-prefeito afirmou ter tomado conhecimento da operação pela imprensa e reafirmou que sua gestão pautou-se pela legalidade.
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