Por Silmara Regina de Souza, consultora de negócios do Sebrae-SP
O Brasil está envelhecendo e essa mudança demográfica exige que empresas repensem canais, linguagem e experiência de compra para dialogar com públicos de idades distintas.
Mudança demográfica
O Censo Demográfico do IBGE de 2022 mostra que pessoas com 60 anos ou mais representam 15,8% da população, e o grupo de 65+ alcançou 10,9%. Essa transição etária altera padrões de consumo e impõe novas demandas ao comércio e à oferta de serviços.
Diversidade de gerações
A diversidade etária reúne gerações distintas que compartilham o mesmo ecossistema de consumo, cada uma com expectativas e comportamentos próprios. Entender quem compõe o público‑alvo é tão importante quanto desenvolver o produto, porque faixas etárias diferentes influenciam receita, ticket médio e recorrência.
O foco do mercado tem oscilado: por anos os millennials (Geração Y) ditaram a busca por conveniência, e mais recentemente a Geração Z ganhou destaque; segundo a WGSN, os zoomers respondem por quase 30% da população mundial. Concentrar comunicação em apenas um grupo pode gerar perda de receita “invisível” em outras faixas com alto poder de compra.
Economia Prateada
Um contraponto importante é a chamada Economia Prateada: o estudo Brasil Prateado (Data 8, 2025) aponta que consumidores com 50 anos ou mais movimentaram R$ 1,8 trilhão em 2024, o equivalente a 24% do consumo privado domiciliar. Essa participação deve chegar a 35% em 2044, com volume estimado em R$ 3,8 trilhões.
Esse público valoriza qualidade, conveniência, atendimento e pós‑venda, e tende a penalizar fricções digitais, como letras pequenas, botões confusos e checkouts longos. Ignorar essas preferências implica em renunciar ticket médio e recorrência.
Como adaptar o negócio
Para atender a diversidade, empresas precisam de segmentação detalhada que permita mensagens específicas e jornadas de compra adaptadas. Consumidores 50+ frequentemente priorizam atendimento paciente, informações claras e garantias; millennials buscam experiência mais do que posse; a Geração Z responde a conteúdos curtos e valores de marca; e os Alphas crescem hiperconectados e com interação precoce com inteligência artificial.
Estratégias práticas envolvem ajustar linguagem, simplificar interfaces digitais, treinar o atendimento e diversificar canais de comunicação para alcançar cada geração sem canibalizar outras fatias do mercado.
Decisões intergeracionais
Muitas compras nascem de diálogos intergeracionais: um filho apresenta a novidade, o adulto compara opções e o avô autoriza ou paga. Nessa dinâmica, cultura e poder aquisitivo circulam entre faixas etárias de forma complementar, ampliando oportunidades para marcas que conseguem dialogar com essas relações familiares.