O ecossistema de inovação brasileiro cresce, mas enfrenta desafios regionais, especialmente em Campinas, onde a proteção da propriedade intelectual é crucial. Startups com ativos protegidos atraem mais investimentos e têm maior valor de mercado. Entenda por que políticas regionais efetivas e o fortalecimento da propriedade intelectual são essenciais para o desenvolvimento sustentável das startups e para evitar a perda de talentos e investimentos.
Crescimento e Desafios do Ecossistema de Startups no Brasil
O Brasil alcançou a marca de 19.624 startups em operação, refletindo um crescimento de 59% entre 2023 e 2024, segundo dados do Sebrae Startups. Contudo, o número de novas startups vem diminuindo: foram 4.728 em 2023, 3.388 em 2024, e pouco mais de 1.190 até julho de 2025.
A região Sudeste mantém a liderança histórica, com 7.059 startups, destacando-se São Paulo, que abriga 2.030 delas, graças a uma infraestrutura robusta, acesso a capital e concentração de talentos.
A Realidade de Campinas: Uma Desaceleração Preocupante
Campinas, antes reconhecida como um polo tecnológico no interior paulista, apresenta apenas 188 startups atualmente. A cidade registrou 57 novas startups em 2023, número que caiu para 21 em 2024 e 12 até meados de 2025.
Essa queda é atribuída à fragmentação das iniciativas de fomento e à dificuldade em reter talentos e investimentos, levando muitos empreendedores a migrarem para São Paulo em busca de um ecossistema mais integrado e políticas de apoio consolidadas.
A Importância das Políticas Regionais para a Inovação
Enquanto o Sudeste enfrenta esses desafios, o Nordeste desponta com polos dinâmicos, como Recife (499 startups), Fortaleza (439) e Teresina (420), mostrando que a inovação pode prosperar fora do eixo tradicional.
Isso evidencia a necessidade de políticas regionais efetivas que promovam a descentralização da inovação e apoiem o crescimento sustentável das startups em diversas regiões do Brasil.
Propriedade Intelectual: O Diferencial Competitivo para Startups
Apesar do crescimento quantitativo, apenas cerca de 3% das startups brasileiras alcançam o estágio de escala. A propriedade intelectual (PI) surge como um divisor de águas nesse cenário. Startups que possuem marcas, patentes e softwares registrados têm entre 2 a 10 vezes mais chances de atrair investimentos e podem valer até 70% mais do que concorrentes sem proteção.
Em Campinas, onde 29 startups atuam em Tecnologia da Informação, 22 em Educação e 17 em Agronegócio, a proteção dos ativos intelectuais é ainda mais crítica. Setores que dependem de inovação contínua sofrem perdas significativas de competitividade sem patentes ou registros de software, ficando vulneráveis a cópias e imitações.
Cenário Atual da Proteção de Propriedade Intelectual no Brasil
Dados do Radar Tecnológico do INPI de 2021 indicam que 41,5% das startups brasileiras não possuem nenhum tipo de registro ou proteção de propriedade intelectual.
Embora o INPI ofereça benefícios como redução de custos, prioridade na análise e prazos reduzidos para concessão, apenas cerca de 58% das startups registram seus ativos, sendo a maioria marcas, que não necessariamente refletem inovação tecnológica.
Oportunidades para Campinas e o Brasil
O valor intangível representa cerca de 70% do valor total de uma startup. Portanto, a propriedade intelectual é o alicerce que sustenta inovação, investimentos e o desenvolvimento regional.
Como aponta o relatório do Sebrae, sem proteção adequada, ideias brilhantes podem se transformar em “castelos de areia”, e startups promissoras podem fracassar prematuramente.
Campinas, com sua tradição tecnológica, tem potencial para liderar essa transformação, desde que reconheça a propriedade intelectual não como um custo, mas como um investimento estratégico para o futuro.
“Sem proteção, ideias brilhantes podem virar castelos de areia e startups com futuro promissor podem ruir antes do tempo.” Relatório Sebrae
Considerações Finais
Fortalecer a propriedade intelectual e implementar políticas regionais eficazes são passos indispensáveis para garantir a sustentabilidade e o crescimento das startups no Brasil, especialmente em Campinas.
Investir em proteção de ativos intelectuais é investir no futuro da inovação e da economia local e nacional.
Compartilhe sua opinião e acompanhe nossas atualizações para entender como a propriedade intelectual pode transformar o ecossistema de inovação brasileiro.

Fonte: Clara Toledo Corrêa