O Ministério Público ajuizou ação contra 39 ex-vereadores e servidores da Câmara de Monte Mor por uso irregular de veículos oficiais e consumo excessivo de combustíveis, causando prejuízo de quase R$600 mil entre 2017 e 2018.
Segundo apurado, entre março de 2017 e maio de 2018, carros locados pela Câmara foram utilizados para fins particulares, com registros falsificados de quilometragem e viagens fictícias. Muitas dessas viagens apresentavam distâncias incompatíveis com os trajetos reais, incluindo casos em que servidores declararam percorrer mais de 500 quilômetros em um único dia, dentro dos limites de Monte Mor.
Os números são impressionantes: em apenas 15 meses, os veículos da Câmara teriam rodado quase 350 mil quilômetros, o equivalente a quase nove voltas ao redor da Terra. Planilhas internas indicam a repetição suspeita de trajetos diários de exatamente 200 ou 300 quilômetros, sugerindo manipulação proposital dos relatórios de uso.
Principais responsáveis e pedidos do Ministério Público
Entre os principais alvos da ação estão o então presidente da Câmara, Walton Assis Pereira, e o diretor-geral da época, William Freire dos Santos, que supostamente autorizaram e permitiram os gastos sem controle ou fiscalização adequada. O Ministério Público requer que ambos respondam solidariamente pela devolução integral do prejuízo. Outros servidores e assessores também foram responsabilizados, inclusive por omissão e falhas na fiscalização dos próprios gabinetes.
O esquema revelou comparações escandalosas com cidades vizinhas da Região Metropolitana de Campinas. Apesar de Monte Mor ter uma população cinco vezes menor que Sumaré, a Câmara municipal gastou cerca de 65% do valor que Sumaré destinou a combustíveis no mesmo período. Monte Mor consumiu R$183 mil para abastecer apenas nove veículos, enquanto Sumaré utilizou R$286 mil para 22 carros.
Além disso, foram identificadas despesas superiores a R$400 mil com locações, totalizando gastos que ultrapassaram R$589 mil. Segundo o Ministério Público, esse montante seria suficiente para a compra de pelo menos dez carros populares, que poderiam ser usados por vários anos e revendidos posteriormente.
Irregularidades e impactos na gestão pública
Distorções graves foram constatadas, como viagens até o litoral próximas a feriados, ausência de justificativas plausíveis e discrepâncias significativas entre os percursos declarados e as distâncias reais. Em muitos casos, sequer houve registro formal das viagens, indicando o uso particular dos veículos com recursos públicos.
A ação do Ministério Público tramita atualmente na 1ª Vara Judicial de Monte Mor. Os acusados negam as irregularidades, mas, se condenados, poderão ser obrigados a devolver os valores, perder direitos políticos e ficar impedidos de exercer cargos públicos.
Enquanto a população de Monte Mor enfrenta desafios sérios em áreas como transporte, saúde e infraestrutura, este caso evidencia mais um episódio preocupante de descaso com o dinheiro público na região. A repercussão também alcança municípios vizinhos como Nova Odessa, Hortolândia e Paulínia, que acompanham com atenção as investigações e cobram maior transparência e fiscalização das gestões locais.
Fonte: Da redação