sábado, 12 julho, 2025
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Theatro Municipal de Paulínia sofre abandono e revela contradições na política cultural local

O Theatro Municipal de Paulínia, fechado desde 2020, foi encontrado em completo abandono pelo TCE-SP, com infiltrações, mofo e falta de energia, expondo falhas na gestão cultural da cidade.

O Theatro Municipal de Paulínia, um dos maiores símbolos culturais do interior paulista, está hoje reduzido a uma lembrança melancólica de um passado de glórias. Fechado desde 2020, o espaço que já recebeu artistas internacionais e festivais de cinema com estrelas de Hollywood como Danny Glover e Michael Madsen foi encontrado em estado de completo abandono durante fiscalização do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP).

Segundo o relatório do TCE-SP, o teatro apresenta infiltrações, assentos cobertos de mofo, estrutura enferrujada, ausência de energia elétrica devido ao roubo de cabeamento, além de vandalismo e falta de manutenção básica. A vistoria precisou ser realizada com lanternas, pois o local estava totalmente às escuras.

O espaço, que deveria ser o palco da produção cultural paulinense, encontra-se sem utilização, sem gestão formalizada e sem qualquer projeto de reaproveitamento público. Saídas de emergência foram bloqueadas com alvenaria, e não há sequer um sistema de segurança patrimonial em funcionamento.

Histórico e investimentos

Inaugurado em 2008, o Theatro Municipal de Paulínia tem capacidade para 1.300 espectadores e faz parte do ambicioso projeto do Polo Cinematográfico, que consumiu R$ 490 milhões em investimentos. O teatro chegou a ser referência nacional, mas atualmente é a personificação do descaso.

Essa destruição lenta e silenciosa do patrimônio histórico e cultural contrasta com o discurso oficial da atual gestão, que tem promovido grandes eventos na cidade com alto investimento, buscando colocar Paulínia no roteiro nacional do entretenimento.

Controvérsias e prioridades da gestão

A questão que se impõe é: como a cidade pode afirmar que valoriza a cultura se seu principal equipamento cultural está apodrecendo sob a responsabilidade do poder público? O prefeito Danilo Barros defende a realização de shows, festas e eventos de grande porte como estratégia para projeção nacional, mas o abandono do Theatro Municipal levanta dúvidas sobre as prioridades da administração.

A cidade parece mais preocupada em importar entretenimento do que em preservar e fortalecer suas estruturas culturais já consolidadas.

Falta de planejamento e impacto regional

Especialistas apontam que a falta de planejamento e de políticas públicas de longo prazo é o principal fator que leva à degradação de espaços como o Theatro Municipal. Um teatro precisa ser vivo, ativo, com agenda regular e envolvimento da comunidade. Em Paulínia, porém, ele hoje é um monumento à omissão.

De palco de cinema internacional, tornou-se um cenário de ruína e esquecimento.

Em tempos de discursos inflamados sobre incentivo à cultura, a realidade do Theatro Municipal de Paulínia se impõe como uma dolorosa incoerência. Enquanto os holofotes dos shows reluzem, o verdadeiro palco da cultura local segue às escuras, mofado, trancado e sem voz, impactando não só Paulínia, mas também as cidades vizinhas de Sumaré, Nova Odessa e Hortolândia, que compartilham a região de Campinas e dependem do fortalecimento cultural regional para o desenvolvimento social e econômico.

Fonte: Da redação

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