Neste 8 de março, celebramos não apenas as conquistas femininas, mas também a luta incessante por dignidade e respeito.
Este editorial reflete sobre a trajetória histórica das mulheres e a necessidade urgente de uma mudança cultural em relação à violência e à desigualdade.
O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, é mais do que uma data para distribuir flores ou repetir frases de efeito. É um momento de reflexão sobre a história de lutas, resistências e conquistas que marcaram a trajetória feminina ao longo das décadas. Desde o trágico incêndio que vitimou operárias em uma fábrica em 1911 até as vozes corajosas que hoje rompem o silêncio em busca de proteção contra a violência, a história das mulheres é repleta de dor, coragem e um desejo ardente por dignidade.
Os dados recentes sobre feminicídios, agressões físicas e abusos psicológicos são alarmantes e revelam que a guerra contra a misoginia está longe de ser vencida. Cada caso de violência contra a mulher é um lembrete cruel de que a sociedade muitas vezes ainda vê a mulher como um território a ser dominado, controlado ou descartado. A ideia de que o “sexo frágil” é uma realidade é uma ficção que ignora a força das mulheres, que há séculos sustentam lares, criam filhos e enfrentam crises, sempre de cabeça erguida. Assim como a rainha do xadrez, a mulher tem a capacidade de se mover em todas as direções e enfrentar batalhas múltiplas, embora sua força muitas vezes ainda seja subestimada.
Este editorial serve como um apelo urgente, ecoando o clamor de tantas vozes que pedem um olhar mais atento e solidário entre todos nós. Homens, é hora de refletir: sua primeira morada foi o ventre de uma mulher; suas primeiras palavras foram ensinadas por ela; seu sustento, muitas vezes, garantido por suas mãos. Como justificar a ingratidão que se manifesta em forma de agressão ou opressão contra quem lhes deu vida? A verdadeira humanidade se completa quando os homens reconhecem que a violência contra a mulher não os torna “machos”, mas os rebaixa abaixo da própria ideia de civilização.
Às mulheres, reforçamos que a sororidade não é uma opção, mas uma necessidade. Cuidar umas das outras — seja denunciando abusos, apoiando quem foge de relacionamentos tóxicos ou combatendo a cultura que nos coloca em rivalidade — é um ato revolucionário. Não há avanço possível sem união.
Que os próximos 8 de março não sejam apenas lembretes de luto, mas sim registros de avanços significativos. Que as felicitações venham acompanhadas de políticas públicas eficazes, de homens que se envolvem nas tarefas domésticas e na criação dos filhos, de salários equiparados e de noites seguras nas ruas. Que o respeito não seja uma conquista, mas um princípio fundamental.
Enquanto houver uma mulher com medo, nenhuma de nós estará verdadeiramente livre. A verdadeira comemoração será quando o Dia da Mulher não for necessário — porque todos os dias serão de igualdade. Até lá, seguimos em marcha. Firmes. Como rainhas.
Feliz Dia de Luta. Amanhã, seguiremos em frente.